por João Bid - cantor e compositor
Sábado passado, dia 10 de dezembro, aconteceu o festival de música “Violão, Voz e Poesia” na sala de música da Brasital, em São Roque.
A idéia do cantor, compositor e jornalista Mário Sérgio Barroso foi muito bem produzida pela empresa D’aísa Produções Culturais e apoiada pela Divisão de Cultura da Estância Turística de São Roque. Até ali, tudo muito certinho: uma grande idéia, produzida por uma empresa que sabe o que faz com eventos culturais e o obvio, imprescindível e natural apoio da prefeitura local. Restavam algumas dúvidas nas cabeças dos envolvidos: Vai dar certo? Qual será a resposta do público? E os compositores, o que pensarão?
E as respostas foram todas positivas. Os compositores, tanto são-roquenses, quanto os vindo de outras cidades, encontraram uma bela estrutura de palco; luz e som perfeitos; e uma ótima recepção, conforme depoimento dos próprios compositores. O público também saiu feliz, pois pode assistir performances interessantes e ouvir composições inéditas bastante diversificadas.
Recebi, com muita alegria, o convite para participar do grupo que selecionou os sete compositores, que se apresentaram no festival e mais feliz ainda fiquei, com as apresentações ao vivo dos escolhidos, já que ali é que ficou evidente que há uma produção de composições de qualidade na nossa música, ao contrário do que se imagina quando ouve-se o que a mídia tem nos apresentado.
Para completar minha felicidade, fui convidado para fazer a abertura do Festival e o fiz, muito orgulhoso e honrado, pois entendi que ali havia uma espécie de reconhecimento, sempre esperado por nós. Como diz meu amigo Roberto Godinho: “As pessoas sérias não precisam de compensações financeiras, apenas reconhecimento”.
O formato escolhido para o festival foi perfeito. O grande objetivo foi valorizar a composição e chegar o mais próximo possível do momento de sua criação, por isso, o nome “Violão, Voz e Poesia”. As composições foram apresentadas quase que em seus “estados brutos”, o que permitiu a nós, público, o prazer de nos aproximarmos do compositor e entendermos suas inspirações e aspirações. A opção por mostra propiciou momentos preciosos de trocas entre os compositores, deixando de lado sentimentos menores, que são corriqueiros em competições. Não existiu ali o grande vencedor da noite, porque todos acabaram ganhando um pouco com o encontro.
Para mim, isso é fazer cultura; isso é contribuir para a formação de público; isso é intercambiar arte; e por aí vai.
Felizmente, o poder público começa a entender o que é construir uma política cultural e apóia essas iniciativas, mas o mais bacana é que esse apoio foi conquistado por um grupo de artistas e interessados em cultura, que vem se reunindo há algum tempo. Hoje, São Roque tem um fórum permanente que discute cultura; tem um conselho municipal de cultura; criará seu fundo cultural... Isso é avanço e tudo isso nasce com base concreta, porque vem de baixo para cima.
Comecem a pensar no segundo festival, porque a primeira etapa foi vencida e todos os envolvidos estão de parabéns.
